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Superar a violência é o desafio proposto pela Campanha da Fraternidade 2018

Superar a violência é o desafio proposto pela Campanha da Fraternidade 2018

A Campanha da Fraternidade, que inicia todos os anos na Quarta-Feira de Cinzas, por iniciativa da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), traz à tona, neste ano, o tema “Fraternidade e Superação da Violência” e o lema “Vós sois todos irmãos” (Mt 23,8). O assunto foi estudado, discutido e refletido na manhã de hoje (08), no Auditório da Paróquia São Donato, em Içara. O mesmo encontro é repetido pela Diocese de Criciúma na manhã de sábado, 10, no Auditório da Paróquia Nossa Senhora da Oração, em Turvo. Hoje, mais de 100 pessoas participaram da atividade, representantes de pastorais e de 22 paróquias e santuários da Diocese.

A família como base

A apresentação do tema foi divida em três partes, pelo método “ver, julgar e agir”, tendo como primeiro assessor do estudo o delegado de polícia Márcio Campos Neves, que apresentou números sobre a violência no Estado de Santa Catarina e falou sobre a importância da educação e do cultivo dos valores cristãos dentro da família, como base para a mudança da cultura da violência na sociedade.

“É importante a gente promover a cultura da paz. A primeira coisa que temos que resgatar na sociedade são os valores, porque hoje tudo está relativizado. Uma das causas da nossa violência é que estamos relativizando tudo. Alguns valores como honestidade, respeito, amor estão relativizados! A causa primária da violência, eu entendo que está, dentro de tudo o que já trabalhei, na família. Você pode ir a qualquer presídio, qualquer centro de internação de adolescentes e analisar a vida daquelas pessoas e ver que a família é totalmente desestruturada, que há uma situação de violência na família”, destacou o delegado que há dez anos atua na região da AMREC.

Conforme Neves, a Organização Mundial da Saúde (OMS) define a violência como o uso intencional de força contra si mesmo, contra outra pessoa ou contra um grupo de pessoas, que cause dano físico, sexual, psicológico e morte. Segundo o delegado, o suicídio é um desses tipos de violência, “um problema seríssimo que precisa ser combatido e trabalhado pela Igreja”.

Números assustam

Os números da violência no país são alarmantes, com um índice de crescimento de 592%, de 2003 a 2016, quando o Brasil encerrou o ano com 59 mil homicídios. “São números que superam a Europa inteira, os Estados Unidos e a China juntos. O Brasil mata mais que os países em guerra. A comparação é por 100 mil habitantes. Fora os desaparecidos que foram assassinados e as mortes que não foram esclarecidas e não entraram para essa estatística. Os Estados Unidos tem uma população de 305 milhões de habitantes, 100 milhões a mais que o Brasil e sabem quantos homicídios os EUA fecharam o ano de 2016? 12.900 homicídios por ano”, destacou o delegado.

De acordo com Neves, entre as estatísticas do Estado de Santa Catarina, o maior índice de homicídios ocorre no mês de fevereiro, época das festas de carnaval. A maioria dos homicídios ocorre nos finais de semana e 59% deles no período noturno e com arma de fogo. O local, geralmente em via pública e quando as mulheres são vítimas, dentro de casa. A maior motivação dos crimes tem origem no tráfico de drogas. Segundo o delegado, são os homens que mais matam, somando 95% das estatísticas, com uma faixa etária que concentra de 18 a 24 anos de idade e são também os que mais morrem, totalizando 88% dos casos, com idade entre 35 e 59 anos. As mulheres ocupam o percentual de 11% entre as vítimas.

É preciso agir

A segunda parte da manhã, sobre o método “julgar”, foi conduzido pela leiga da Paróquia Nossa Senhora da Natividade e membro da Equipe de Coordenação dos Grupos Bíblicos em Família, Gloria Mazucco. A leiga, que atua, há 28 anos, como professora na rede pública de ensino, trouxe testemunhos sobre diferentes situações vivenciadas em sua caminhada e evidenciou aspectos bíblicos sobre a violência, fazendo os presentes refletirem sobre pequenas atitudes cotidianas que podem provocar a violência.

A terceira parte, sobre o “agir”, foi assessorada pelo secretário da Coordenação Diocesana de Pastoral, Marcos Tramontim, que apresentou diversas pistas de ações concretas para superação da violência no que se refere à pessoa, à família e sociedade, indicadas pelo texto-base da CF produzido pela CNBB. Ao final da manhã, o Coordenador Diocesano de Pastoral, padre Joel Sávio, indicou iniciativas já realizadas pela Igreja nas paróquias e que devem ser conhecidas e apoiadas pelos padres e agentes de pastoral.

Para Bispo, reflexão deve impulsionar ações concretas

O Bispo da Diocese de Criciúma, Dom Jacinto Inacio Flach, analisa que deve haver uma consciência e mudança individual e coletiva no que tange à cultura da violência e acredita que esta CF dará frutos como muitas outras campanhas que já mudaram realidades ao longo do Brasil. “A CF nos lembra que devemos superar a violência e promover a paz. Isto, com certeza, é um trabalho muito árduo, muito longo, mas nós, como cristãos, cremos nisso. Senão, estaríamos vivendo para que, se não soubéssemos confiar na graça de Deus? Ele é o Príncipe da Paz, aquele que traz paz aos corações e nós, como seus discípulos, queremos fazer isto em nossas comunidades.

Uma manhã de reflexão, de estudo, de partilha, é para começar a criar esta consciência; a participação das pessoas, todas as instituições e entidades vão, com isto, saber que a força toda se unindo, dará respostas positivas àquilo que hoje tanto nos preocupa e nos deixa com medo e insegurança que é a violência, tão grande em nossa realidade. Sabemos que Santa Catarina não é uma das regiões mais violentas, mas cremos que nosso Estado poderá ser diferente se houver uma consciência coletiva onde entram os poderes públicos, a Igreja, as entidades, com trabalho especialmente nas escolas e nas famílias”.

Celebrações de Cinzas abrem a CF e conclamam à conversão

A Quarta-Feira de Cinzas é o dia em que a Igreja dá início ao período quaresmal, em preparação à Páscoa do Senhor. Um tempo, conforme o Bispo, que precisa ser bem vivido, em preparação à festa da Ressurreição. “A imposição das cinzas lembra que nós devemos fazer penitência. Aquele que impõe as cinzas, diz: ‘Converta-te e crede no Evangelho’. Esta é a nossa missão maior: crer no Evangelho, pois ali está toda a luz, toda a inspiração. Mas para deixar que esta luz chegue a nossa vida, precisamos nos converter – para a vida, para a acolhida, para o diferente, para promover a paz – este é o nosso grande trabalho. E como fazemos isso?

A Quaresma nos propõe oração, penitência, jejum e caridade, amor ao próximo e participar das celebrações, sejam elas eucarísticas ou nos grupos bíblicos em família, em todos os momentos que a Igreja nos propõe. Ali, pegamos força para que essa conversão possa, realmente, acontecer, pouco a pouco, na vida de todos nós. Não se trata só de receber as cinzas, mas do que elas significam e remetem para a nossa missão. São quarenta dias especiais e sagrados para que possamos celebrar, com mais alegria, a Ressurreição de Cristo que acontece na vida de cada pessoa”, frisa o epíscopo.

Confira os horários das celebrações com bênção e imposição das cinzas:

Paróquia São Roque – Morro da Fumaça
19h30min: Matriz
19h30min: Linha Anta

DIOCESE DE CRICIÚMA

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