GABRIELA RECCO
Se por um lado a pandemia trouxe muitos desafios, com certeza abriu muitas oportunidades. Foi o caso da família Aguiar, de Morro da Fumaça. Era 2020 quando Juscinei Aguiar, o Nei, teve a ideia de transformar um veículo em motorhome. “Numa conversa com um senhor de Urussanga ele me perguntou se eu não mobiliava um veículo sprinter dele. Já pensei, começo de pandemia vai faltar serviço. Então, peguei o desafio”, conta Aguiar.
“Eu não tinha conhecimento em nada sobre motorhome. Mas o dono vinha quase todos os dias aqui dando dicas, fomos trocando informações”, acrescenta Aguiar, que já trabalha com móveis planejados há alguns anos. E depois desse, a família não parou mais. Isso mesmo, toda a família foi envolvida no negócio profissional que virou o sustento de todos, a Santo Anjo Motorhomes.
“Sempre gostei de mexer com carro, desde criança. Hoje não me vejo fazendo outra coisa. Fazer este trabalho é legal, porque um é diferente do outro, sempre muda. Comecei a ajudar o pai aqui, já que devido a problemas de saúde, também não estava conseguindo fazer. Fomos nos aperfeiçoando, estudando, buscando trocar ideias com outros profissionais da área”, explica o filho Jessé Aguiar.
Jesse trabalha como mecânico, tem curso de injeção direta, eletricista industrial, predial e residencial e de solda. “Fico com a parte elétrica, hidráulica e encanamentos. O pai fica com a parte dos móveis, a mãe com a decoração, como cortinas, e ajustes finais de limpeza, e a minha irmã com as redes sociais. Tudo isso está agregando valor para nosso trabalho hoje com motorhome”, pontua.
Novos negócios em vista
Aos 22 anos de idade, Jessé tem planos ousados e inovadores para o futuro. “Quero comprar carro e mobiliar para vender pronto. Ou até mesmo para alugar. A pessoa paga uma diária como se fosse de um hotel, só que ela vai para onde quiser. Já temos um aqui para experimentar essa ideia, mas ainda vai demorar para ficar pronto. Outra ideia é ter um terreno para fazer a fábrica e ter um camping junto”, antecipa.
A família conta que a procura é grande por este tipo de veículo, porém, muitos querem um carro pronto, e não querem esperar muito tempo para construir um novo. “Eles querem um carro pronto, básico e barato. Não querem muita frescura nem muitos acessórios. Querem o básico para se manter dentro do carro e pegar a estrada com confiança”, pontua.
Segundo Jesse Aguiar, o básico de um veículo desses tem uma pia, um banheiro, água quente, uma cama, e uns móveis para guardar mantimentos. “O público que mais procura são pessoas de mais idade, aposentados. Os jovens procuram mais a kombi. Aqui em Morro da Fumaça fizemos duas kombis, mas tem procura da região, e até do Rio Grande do Sul e São Paulo”, coloca.
Quanto custa?
Entre fazer um motorhome ou comprar uma casa na praia, a primeira opção é mais vantajosa. “Para mobiliar uma kombi é em média R$ 30 mil, com aquecedor a gás, pia, chuveiro, banheiro portátil, placa solar, entre outros itens básico. Só parar mesmo para abastecer o combustível. Já uma Sprinter sai em média R$ 120 mil. Isso é o valor da montagem, fora o valor do veículo. Trabalhamos com materiais de qualidade”, justifica.
Grande aventura
Ele explica que qualquer carro pode ser transformado. Mas é preciso prestar muito atenção nos detalhes para não cometer erros. “Se precisar faço um projeto básico para o cliente ver como vai ficar, mas também pode trazer o projeto pronto se o cliente preferir. Agora já sabemos o passo a passo. Tudo começa pela fiação. É o primeiro passo. Depois vem as mangueiras de água e vai seguindo o projeto”, comenta.
O tempo de preparação de veículo é variável. Uma kombi leva em torno de dois meses, enquanto uma Sprinter geralmente quatro meses. “É uma grande aventura ter um motorhome”, finaliza. Confira o Instagram da Santo Anjo Motorhomes.
