GABRIELA RECCO
São mais de 75 anos rezando todos os dias a Ave Maria na língua polonesa. Neta de polonês, dona Rosália Tibimkoski Sartor mantém viva esta tradição ensinada pela sua mãe. Quando pequenos, dona Rosália e os seus nove irmãos tinham que rezar na porta do quarto da mãe, quando ela ainda estava deitada.
“Tínhamos que chegar na porta do quarto, ajoelhar e rezar. Ela ficava escutando para ver se estava certinho. Se não estivesse, ela parava, corrigia e fazia rezar de novo. E a gente ia rezando. Todos tinham que rezar”, relembra.
Depois que cada um aprendia a oração sozinho, já podia se levantar e rezar perto da sua cama. “Mas ajoelhados como na porta do quarto dela”, frisa dona Rosália. “Com cinco anos nós já começamos a aprender a rezar. Fomos aprendendo, aprendendo e quando já sabíamos sozinhos, que ela não precisava mais corrigir, ela então liberava”, completa.
Aos seus 83 anos de idade, a moradora da comunidade de Linha Torrens, em Morro da Fumaça, reza duas vezes por todos os dias. De manhã e à noite, em português. Somente a Ave Maria que reza em polonês. “Em Polonês, a Ave Maria a gente está acabando de rezar e já começa a Santa Maria. Ela é mais curta que em português”, explica.
Apesar dessa influência do polonês em sua vida, os filhos de dona Rosália apenas seguem o hábito de rezar. Mas em português. Casada há 65 anos com João Sartor, eles tiveram cinco filhos, quatro mulheres e um homem. “Eu ensinei meus filhos a rezarem também ajoelhados ao lado da cama. Mas eles chegavam cansados da roça e acabavam cochilando ajoelhados”, conta ela aos risos. “Hoje apenas meu filho é quem reza de joelhos”, destaca.
Muito religiosa, dona Rosália hoje só não reza mais ajoelhada devido a idade e problemas de saúde. Mas a fé em Deus continua viva por meio das suas orações onde reza por toda família.