Gabriela Recco
Num ano de pandemia, com suspensão das aulas presenciais, o professor está tendo, mais do que nunca, papel fundamental na formação dos alunos. Um ano letivo cheio de desafios e novos aprendizados, sem deixar de lado, o amor pela profissão. Neste dia 15 de outubro, Dia do Professor, o Morro da Fumaça Notícias presta uma homenagem aos mestres contando como tem sido esse dia a dia nestes sete meses.
Um ano inesperado
A professora Queila de Almeida Simões Zanatta, do 5º ano, da E.E.B.M. Pietro Maccari, conta que não esperava enfrentar um ano tão atípico. Ela explica que no início sentiu-se muito insegura, pois além de ter uma Base Comum Curricular para dar continuidade, algumas de suas turmas possuíam alunos com necessidades de aprendizagem diferentes para atender. “Na medida em que a situação ia se estendendo, criar métodos diferenciados para o ensino a distância foi se tornando cada vez mais imprescindível. Viramos “youtubers”, criamos vídeos para auxiliar na explicação dos conteúdos, grupo de WhatsApp para postar atividades e sanar dúvidas, vídeo chamadas e áudios explicativos”, conta.
“Sem dúvidas a tecnologia nunca foi tão usada na educação. Todos nós precisamos nos adaptar, montar estratégias, aulas capazes de prender a atenção dos nossos pequenos em frente a telinha por alguns minutos”, completa a colega de profissão, Graziéli Damski, professora do Infantil I, do Centro de Educação Infantil Pequeno Davi 2.
Para a professora Adriana Baesso da Silva, do 1º ano da E.E.B.M. Pietro Maccari, uma nova rotina sem horário fixo. “Atendo meus alunos nos fins de semana e, principalmente, à noite, pois é quando os pais estão em casa e podem dar o celular aos filhos para vídeos chamadas ou mesmo para tirar dúvidas”, acrescenta a docente.
Distanciamento físico e social
Para elas, a saudade do contato físico com seus alunos é um dos maiores desafios. “O contato virtual é diferente de estar com eles durante o dia, com as brincadeiras, as invenções e o contato direto, principalmente, na Educação Infantil que é o primeiro contato das crianças com o universo da Educação”, pontua Graziéli.
“Acredito que a maior dificuldade enfrentada por todos nós seja a de não poder estar junto com os alunos, auxiliando-os no que eles precisam”, relata Queila.
“A alfabetização exige muito do professor, usamos diferentes estratégias para alfabetizar e com o distanciamento social tivemos que nos reinventar para chamar a atenção dos alunos de uma forma diferente e diminuir a distração (mesmo de longe), aguçando o interesse e o prazer em aprender”, explica Adriana.
Aumento da participação familiar
Por um outro lado, durante a pandemia a participação das famílias aumentou, e as professoras comemoram essa conquista tão fundamental para o aprendizado.
“Uma grande parte das famílias também está dando o seu melhor, em um trabalho conjunto de se admirar. Temos muitos alunos lendo e o relato dos pais é de se emocionar”, comemora Adriana.
“Podemos destacar a maior interação entre a família e os estudantes pois os pais e responsáveis hoje são os nossos olhos e ouvidos nos dando todo o suporte neste processo”, acrescenta Queila.
“Posso dizer que diante da situação que fomos colocados de frente, Escola e Famílias estão caminhando juntas com um único objetivo: O desenvolvimento significativo dos nossos pequenos. Sem o apoio das famílias não poderíamos ir além”, vai na mesma linha a professora Graziéli.
Reinvenção na forma de educar
Acostumadas com as salas cheias, o calor humano dos alunos, elas se reinventam cada vez mais diante de uma tela de computador. “Estamos trabalhando mais, pois a preocupação é dobrada com as nossas crianças, em como vamos fazer para manter um laço afetivo mesmo longe”, descreve Graziéli.
“Tenho duas turmas com 42 alunos ao todo, e a grande maioria está participando. Não me preocupo com as horas de trabalho por dia. Estou à disposição da minha turminha para quando precisarem, qualquer horário, inclusive finais de semana”, adianta Adriana.
“Não temos uma jornada de trabalho regrada, procuramos atender os alunos a qualquer hora do dia e em qualquer dia da semana, incluindo finais de semana e feriados, pois entendemos que do outro lado tem uma família no qual os pais trabalham o dia todo e o único momento em que podem dar um auxílio maior é quando chegam em casa depois de um dia de trabalho e nos finais de semana”, argumenta Queila.
Amor pela profissão
Neste dia em que são homenageadas, as professoras são categóricas em destacar o amor pela profissão que escolheram, fortalecido neste período de pandemia.
“Durante esse processo podemos perceber o quão importante somos e entender realmente o grande valor que temos perante a sociedade. Somos a profissão que forma outras profissões, mas acima de tudo somos pessoas apaixonadas pelo que fazemos e acreditamos que nossa contribuição muda a vida de todos”, coloca Queila.
“Eu tinha e tenho cada vez mais certeza que ser professora requer muito do meu tempo, da minha paciência, do meu esforço, da minha dedicação, é preciso se doar por inteiro, buscar entender aqueles olhinhos arregalados querendo te dizer alguma coisa no meio da aula, precisamos estar presente com os pequenos, buscar melhorar a cada dia para conseguir encantá-los e entendê-los ainda mais. O meu sentimento em ser professora é de gratidão a cada dia tenho certeza da escolha que fiz a quatro anos atrás, uma profissão nobre que exige o meu melhor”, descreve Graziéli.
“Eu amo ser professora e amo a alfabetização. Acompanhar o processo de aquisição da leitura e escrita é muito gratificante. Ver nossas crianças descobrindo o mundo da leitura, das palavras, a descoberta de tudo isso é emocionante e faz tudo valer a pena”, expõe Adriana.