Educação

“É muito difícil emitir uma opinião sobre algo que não temos dados liberados para avaliar”, diz pesquisador da Unesc sobre vacina Russa

“É muito difícil emitir uma opinião sobre algo que não temos dados liberados para avaliar”, diz pesquisador da Unesc sobre vacina Russa
ASSESSORIA UNESC

Detalhes técnicos do produto desenvolvido no país não foram liberados à comunidade científica.

Logo após o anúncio de que uma vacina contra a Covid-19 desenvolvida na Rússia recebeu aprovação para ser testada em humanos, nesta semana, a notícia passou a ser o principal assunto nas rodas de conversa, seja pela esperança criada ou pelas dúvidas que giram em torno da novidade. Isso porque, ao contrário dos procedimentos padrões estabelecidos pela comunidade acadêmica mundial, os estudos em torno da vacina não foram publicados e não são de acesso de pesquisadores de outros países.

O assunto, conforme o professor e pesquisador da Unesc, Felipe Dal Pizzol, é de difícil avaliação, justamente pela falta de dados técnicos liberados para avaliação da comunidade científica. “Essa falta de informações não é usual. Além disso, existe a questão de que a Rússia iniciou uma grande quantidade de casos depois da China e Europa, então ele está com um estudo avançado demais tendo começado casos a menos tempo. Isso também é estranho”, comenta.

De acordo com Dal Pizzol, a China e os demais países que tiveram o início da pandemia mais cedo ainda estão desenvolvendo a vacina, o que já demonstra um avanço exagerado diante de algo que necessita de determinado período de avaliações. “Claramente eles têm tecnologia para isso, tem expertise, e até poderiam ter já pré-desenhado algumas vacinas esperando ter a população afetada e, assim, ter iniciado o teste logo que começou a pandemia, mas é difícil acreditar que eles possam estar mais avançados que a vacina chinesa, que a de Oxford ou a americana”, declara.

A realidade, conforme o professor, é de que possivelmente a Rússia tenha, de fato, uma promissora vacina sendo testada, mas a ideia de estar “quase pronta” de logo poder ser feita na população pode ser confusa. “Até podem estar fazendo a Fase 2 e começando a Fase 3 ao mesmo tempo, mas essa fase demora um tempo e a nós precisamos desse período para saber não só a efetividade, mas também a segurança do produto. Seria bom que eles liberassem esses dados para podermos ter uma ideia mais correta do que está acontecendo”, finaliza.

Reconhecimento internacional

Felipe Dal Pizzol participa de pesquisas internacionais acerca da Covid-19 desde o início da pandemia. O pesquisador é um dos dez profissionais brasileiros escolhidos para a elaboração do documento “Diretrizes para Diagnóstico e Tratamento da Covid-19”, do Ministério da Saúde.

Na Universidade, Dal Pizol ainda coordena o PPGCS (Programa de Pós-Graduação em Ciências da Saúde), um dos poucos programas nota 6 (de um máximo de 7) pela Capes (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior).

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