Entrar no mercado Polla é como voltar ao tempo. Um dos comércios mais antigos de Morro da Fumaça, o mercado da dona Mariquinha funciona há 55 anos no mesmo local, na rua Vanteiro Margotti. Um ano a menos que o aniversário do município que completa 56 anos neste domingo, dia 20.
Mesmo disputando com grandes supermercados na cidade, o mercado Polla ainda mantém as mesmas características e vende uma variedade de produtos. Bem à moda antiga, como quando iniciou no ano de 1963.
Tudo começou quando a senhora Maria Guglielmi Polla, a dona Mariquinha, hoje com 82 anos, conheceu o senhor Lino Polla. “Eu morava em Criciúma e já trabalhava no comércio. Conheci o Lino, nos casamos e viemos morar aqui. A ideia de começar a venda foi minha. Como eu trabalhava com roupa feita, já sabia onde eram as fábricas, onde tinha preço melhor. Então, falei para o Lino: vamos abrir alguma coisa aqui para aumentar o capital”, relembra.
O início de tudo
Ela ainda conta que para começar o empreendimento e construir a casa foi preciso vender alguns terrenos, e, dentro de um quarto deram início a ‘bodeguinha’. “Não muito tempo depois falei para o Lino que precisávamos construir uma casa 10×8. Ele era medroso, mas eu não. E construímos isso que está aqui hoje”.
“Morro da Fumaça era uma cidade que corria muito dinheiro por causa das olarias. Eu tinha muitos fregueses e a gente via bastante dinheiro. De uns tempos para cá é diferente. Tem que resumir as despesas”, explica.
Em meio a outros investimentos que a família adquiriu, como terrenos no Mato Grosso e uma olaria no Paraná, eles nunca desistiram do mercado. “Isso aqui faz parte da nossa história, da nossa vida”. Mesmo outras pessoas dizendo para o casal construir um mercado maior eles eram enfáticos em dizer que assim estava bom. “Lino dizia que não queria, porque teria que abrir aos domingos. E domingo é dia de ficar com a família, visitar os parentes. Ir para igreja. E até hoje é assim”, conta.
O que mudou do passado para hoje, do mercado que já teve outros dois nomes, Lino Quintino Polla e Armazém São José, foi a informatização. “O seu Atilio Damiani, de Urussanga, era quem cuidava da contabilidade. Ele dizia assim: ‘Aqui está o livro. Coloca tudo. Até um Bombril’. Era feito um levantamento de tudo. Fechava um dia. Somava na mão. Passamos pelas máquinas a manivela, registradora, e agora, então, o computador. Tudo era trabalhoso antigamente”.
Ajuda dos filhos
Mesmo após o falecimento do marido, há 12 anos, a família se mantém unida na ideia de conservar viva a tradição do mercado. Hoje, Mariquinha conta a ajuda de dois filhos para administrar o empreendimento. “Eu sigo e sempre vou seguir os passos da minha mãe. Me criei aqui dentro. Isso aqui é minha vida, igual como é para minha mãe”, destaca a filha, Ivana Maria Polla.
E a geração não pretende parar com a história do Mercado Polla. A neta, Silvia Polla dos Santos, de apenas 11 anos, já vem seguindo os passos da mãe e da vó. “Eu admiro muito como a vó faz as contas rápido. Também admiro pela disposição que ela tem pela idade”, afirma a neta. “Ela passa o cartão, dá troco tudo muito certo”, confirma orgulhosa a vó.
Sempre sorridente e contando histórias, dona Mariquinha fala que o segredo para ser feliz é ter uma vida saudável. “Família unida e uma boa alimentação, é o que quero para minha vida. Eu como bastante verdura, mas sem veneno. Por isso priorizo vender aqui no meu mercado produtos sem agrotóxicos”.
E assim, as tradições do Mercado Polla seguem fazendo história, acompanhando o desenvolvimento de Morro da Fumaça, e sendo testemunha desde a emancipação, até os dias atuais.
Gabriela Recco / Fotos: Ésdra Alves