Gabriela Recco
A história de Maria da Glória Farias, de 54 anos de idade, é mais uma marcada pela superação que simboliza esse Dia Internacional da Mulher. Com 43 anos de serviço, sendo 35 como costureira, ela foi mãe solteira, estudou até a 6ª série, mas nunca desistiu dos seus sonhos. Com muito esforço e trabalho conseguiu criar a filha e hoje segue sua rotina numa confecção do município.
Mas os desafios começaram cedo, já que aos seis anos sofreu queimaduras pelo corpo num forno de olaria. “Fui brincar de secar panelinha de barro, e uma varinha pegou fogo na minha roupa. Fiquei meses em hospital. Passei por mais de 13 cirurgias”, conta. Ela começou a trabalhar aos 12 anos também numa olaria. Em 1984 teve a primeira carteira assinada.
“Depois passei a trabalhar numa confecção de roupa, onde fiquei por 19 anos. Agora estou há quatro anos na Rocenk Confecções. Comecei tirando fio das roupas, cortar, fui revisora, e por fim costureira. Sempre aprendi direto nas máquinas. Nunca fiz um curso de corte e costura. Eu fazia os testes e sempre passava”, lembra.
Com muitos anos de experiência, ela admite que falta atualmente mão-de-obra de costureira. “Falta gente engajada, com vontade de trabalhar. Antigamente, as mulheres eram mais unidas no trabalho, até mesmo quando precisava fazer hora. Hoje para trabalhar no dia, é no sufoco. E isso sobrecarrega nosso trabalho”, explica.
Na confecção, as peças já vêm cortadas, e o principal trabalho é montar. “Não é difícil de fazer. É só ter vontade de aprender, de ter prazer pelo trabalho. Todos nós, em cada profissão temos desafios, e precisamos nos esforçar. Trabalhar é muito bom”, coloca Maria da Glória.
Preconceito
“Nunca passei por nenhum momento de preconceito por ser mulher. Sempre fui valorizada nos meus antigos empregos, e até hoje. Sempre gostei de trabalhar e me dediquei nos meus trabalhos. Graças a Deus nunca me faltou serviço. Quando a fábrica que eu trabalhava fechou, tinha muita gente atrás de mim. Sempre fui em busca das minhas oportunidades na vida”, rememora.
Hoje em dia ela trabalha das 7h às 17h e adianta que as mulheres precisam buscar seu espaço na sociedade. “Emprego não falta para as mulheres, sem contar os cursos disponíveis para aprender. As máquinas hoje em dia são modernas, fáceis de manusear. Diferente no passado que eram máquinas pesadas”, acrescenta.
Neste Dia Internacional da Mulher, a história de Maria da Glória Farias se confunde com a de tantas outras fumacenses. Marcada pela obstinação e pelo aproveitamento das oportunidades. Que esta data importante nas conquistas femininas seja sempre lembrada como um momento de quebrar barreiras e vencer.