Daiana Carvalho / PMMF
Assistência médica e informação sobre a síndrome são pilares essenciais, destaca médico generalista.
Considerado um problema de saúde crônico e com agentes causadores difusos, a fibromialgia afeta a vida de muitos brasileiros, impactando na qualidade de vida e bem-estar do portador da síndrome. Em Morro da Fumaça, mais de 50 pacientes possuem o diagnóstico e convivem diariamente com o problema.
Adriana da Rosa Alves, é uma das fumacenses afetadas pela síndrome e convive com a doença há mais de 10 anos. O seu relato é um exemplo clássico dos desafios enfrentados pelos pacientes que possuem o diagnóstico. “É muito difícil a vida social, eu cheguei ao ponto de me isolar de tudo, tive que parar de trabalhar porque eu não conseguia mais, tem dias que eu não consigo dirigir, então é uma coisa muito triste. E quem não tem, não consegue imaginar o que é viver 24 horas por dia com dor, sabe? O tratamento é muito caro e a gente depende muito da medicina alternativa: massagens, acupuntura, auriculoterapia, pilates, RPG [Reeducação Postural Global], fisioterapia, hidroginástica”, descreve.
A síndrome da fibromialgia se manifesta com dores difusas pelo corpo todo, principalmente na musculatura. Habitualmente, o paciente tem dificuldade de definir quando começou a dor, entretanto o quadro gera um impacto significativo na qualidade de vida e na capacidade laboral dos portadores. “É uma síndrome clínica que é caracterizada principalmente por uma dor crônica generalizada, uma fadiga, cansaço frequente e também distúrbios no sono. Ela afeta predominantemente as mulheres, principalmente as de meia idade”, esclarece o médico generalista, Luiz Henrique Franciscatto, responsável pela roda de conversa, realizada nesta semana para marcar o Dia Nacional de Conscientização à Fibromialgia, lembrado no dia 12 de maio.
Durante o encontro, realizado no Centro de Convivência da Terceira Idade, com a participação do grupo fumacense de pacientes com diagnóstico da doença, Dr. Luiz realizou diversos esclarecimentos sobre o quadro clínico. Conforme o profissional, por ser uma síndrome relativamente nova, apesar de amplamente estudada, ainda não se sabe muito sobre. “Ela tem muita relação com traumas, estresse, às vezes algum trauma psicológico que a pessoa sofreu na infância, alterações genéticas, o fato de, às vezes, não ter uma família bem estruturada, não ter uma rede de apoio familiar, são diversos fatores que podem desencadear a questão da fibromialgia”.
Com base nisso, o médico defende que a assistência médica e a informação sobre a síndrome são os principais pilares para o cuidado com os pacientes. “É uma síndrome que tem que ser muito discutida e a população, de maneira geral, precisa receber uma educação sobre ela, porque é uma doença que tem um tratamento complicado. A discussão desse tema e a conscientização sobre para que o paciente com a síndrome possa ser compreendido”, frisa.
Pensando em dar mais qualidade de vida aos portadores da síndrome, a Rede Municipal de Saúde oferece duas alternativas de terapia voltadas ao fibromiálgico através do Programa para Pacientes com Dores Crônicas. “Começamos com a hidroginástica que tem proporcionado melhorias significativas aos pacientes. Por ser uma atividade que não gera impacto ela é indicada para tratar diversas patologias. Implantamos o serviço há 18 meses e somente no primeiro ano beneficiamos mais de 250 pessoas portadoras de dores crônicas”, esclarece a secretária de Saúde, Lucelane de Souza Antunes.
Por meio do serviço, atualmente, o município facilita a hidroterapia para um grupo de 30 pacientes. Com o objetivo de ampliar as alternativas terapêuticas, neste mês, foi dado início às aulas de Mat Pilates, uma modalidade do Pilates por meio da qual os exercícios são praticados no solo sem o uso de aparelhos. “Utilizamos acessórios como bolas, elásticos, pesos, rolos e faixas para auxiliar na prática dos exercícios. Inicialmente, estamos com duas turmas de 10 alunos, mas queremos ampliar na medida do possível”, complementa a educadora física, Marli Martins, responsável pelo acompanhamento dos pacientes que integram o programa.
De acordo com a Sociedade Brasileira de Reumatologia, a fibromialgia afeta cerca de 2,5% da população mundial, com faixa etária entre 30 a 50 anos de idade, apresentando maior incidência em mulheres do que em homens.