Gabriela Recco
Com um carisma inconfundível, dona Leonora Casagrande Pellegrin, hoje, aos 97 anos, é uma das pessoas que acompanhou de perto o desenvolvimento de Morro da Fumaça e em entrevista exclusiva ao Portal Morro da Fumaça Notícias compartilha algumas lembranças do passado e muitas histórias.
Filha do casal, Luiz e Luiza Casagrande, Dona Leonor, como é mais conhecida, nasceu no Distrito de Estação Cocal onde passou a infância e juventude. Após o casamento com Tranquilo Pellegrin veio morar no centro de Morro da Fumaça. Juntos tiveram 10 filhos (um já falecido). Ao lado do esposo, eles construíram uma história de empreendedorismo no município inaugurando o segundo Posto de Combustível, o Posto Pellegrin. Tranquilo teve também um engenho de farinha e uma olaria.
“Eu sempre estive ao lado dele, ajudando e apoiando. Nós morávamos numa casa de madeira antiga que foi destruída para dar espaço onde hoje é o posto. Na época fomos morar de aluguel numa casa do Caetano Cechinel”, relembra dona Leonor.
Inaugurado na década de 1970, o Posto Pellegrin virou referência na região e hoje conta com filiais. “No dia da inauguração do posto a dona Angelina Scotti vinha com um montinho de farinha de mandioca para comer com o churrasco”, conta ela sorrindo ao relembrar aquele grande evento.
Ela lembra que depois da construção do posto, eles começaram a construir um prédio residencial ao lado, com três andares e quatro apartamentos cada andar, onde ela mora até hoje. “Alguns filhos também moram aqui, mas o prédio foi construído para quem quisesse, na época, comprar. Não era um prédio familiar, não”, pontua a quase centenária.
Por muitos anos, dona Leonor foi professora de Corte e Costura na Escola Profissional Idalina Machado de Freitas. “Entrei quando o Jorge Silva era prefeito. Era uma época muito boa e divertida. Vinha gente de Estação Cocal, da Linha Anta, de vários lugares”, recorda.
Uma coisa da qual ela sente saudade no passado era do tempo em que trabalhava. “Eu também era costureira, atendia muitas clientes e elas gostavam de mim. Lembro que quando fui patronesse de um Baile de Debutantes, fui em Tubarão comprar o tecido de crepe para fazer o meu vestido. E ficou lindo”, pontua.
Seguindo as memórias, dona Leonor lembra das dificuldades que enfrentou. “Passei muito trabalho. Antigamente aqui era tudo mato. Eu atravessava o rio aqui atrás de casa, por uma pinguela, para tirar o leite de vaca. Teve um dia que a tampa do leite caiu no rio”, sorri ao recordar. Aliás, era neste mesmo rio ela lavava as roupas. “Na serraria dos Cechinel tinha um lavador. Vinha a Jacomina também. Cada uma com um cesto de roupa para lavar”.
Todos os dias dona Leonor senta num banquinho que tem na varanda do apartamento de frente para a Rua 20 de Maio e fica ali apreciando o movimento da cidade. “Eu gosto de ver esse movimento. Antigamente só tinha essa estrada principal e de chão batido. Lembro uma vez que o Flávio Salvan passou com a Conceição sentada no carro de boi com o cesto da polenta”, coloca.
Entre as lembranças que perpetuam na memória da matriarca da família, dona Leonor hoje vive um dia especial, pois está festejando seu aniversário. “O segredo para chegar até aqui é viver”, enfatiza. Com uma saúde boa, ela faz caminhadas todos os dias e não tem restrições alimentares. “O que vier, comemos”, ainda brinca.
A família, assim como Deus, é tudo para dona Leonor. “Os filhos estão sempre por perto. Um almoça, outro toma o café. Os netos também estão rodeando”. Dona Leonor tem 26 netos (dois já falecidos) e 21 bisnetos.
“Eu não era uma mãe brava, brigava para colocar ordem na turma. Mas era amorosa e apoiava meus filhos. O Tranquilo estava com câncer e um dia ele me disse que quando ele faltasse que eu cuidasse dos filhos. E eu disse que iria cuidar sim”. E o conselho que deixa aos mais novos é que vivam intensamente todos os dias. “Sejam mais família, sejam boas pessoas e alegres. Aproveitem a vida”, finaliza a aniversariante desta quarta-feira (13).