Gabriela Recco
Há quatros anos o biólogo Vitor Rosauro Bastos, de Criciúma, está conduzindo uma pesquisa sobre a fauna silvestre no município de Morro da Fumaça, destacando espécies encontradas na mata local. O estudo é realizado em duas áreas específicas: uma no limite do Distrito de Estação Cocal como o município de Cocal do Sul, e outra na região do bairro São Simão, próximo ao Clube Mampituba, no limite com Criciúma.
Durante esse período, o biólogo registrou com uma máquina fotográfica uma significativa diversidade de espécies, totalizando 23, incluindo nove mamíferos de médio e grande porte. De acordo com Bastos, mamíferos de grande porte são aqueles que atingem mais de 20 kg na fase adulta, enquanto os de porte médio pesam de 1 a 20 kg.
“Um dos registros mais marcantes dessa pesquisa aconteceu recentemente, quando capturei, pela primeira vez, a imagem de uma tamanduá-mãe carregando um filhote nas costas, mesmo já estando o filhote próximo do tamanho de um adulto”, destacou o biológo. Bastos descreve esse momento como raro e emocionante, destacando a importância desses registros para o entendimento da dinâmica da fauna local.
Bastos ressalta a relevância da preservação das áreas naturais, citando localidades como a região do Morro da TV, Linha Batista, Linha Anta (em Criciúma), Linha Tigre e Vicentina (em Cocal do Sul), e as Linhas Cabral e o Distrito de Estação (em Morro da Fumaça). “Essas áreas são interligadas e essenciais para a sobrevivência da fauna silvestre, com muitos animais utilizando as rodovias para buscar alimento e interagir com membros da mesma espécie. São regiões prioritárias para conservação a longo prazo, já que algumas espécies encontradas ali são exclusivas dessa área, como o veado catingueiro e a erara, que já desapareceram de outras regiões do sul de Santa Catarina”, pontua.
Presença de bugios
Um dos destaques da pesquisa é o bugio, que, embora seja uma das 25 espécies de primatas mais ameaçadas do mundo, ainda possui populações saudáveis em Morro da Fumaça, explica Bastos. “Brinco dizendo que o município deveria adotar o bugio como um símbolo, dado o número considerável dessa espécie na região. A preservação do bugio e outras espécies é crucial para garantir o equilíbrio ecológico, e por isso a importância de identificar e proteger áreas específicas para a continuidade da biodiversidade local”, afirma.
A preservação ambiental, conforme aponta o biólogo, pode ser alcançada através da implementação de Áreas de Preservação Ambiental (APAs) nos municípios de Criciúma, Cocal do Sul e Morro da Fumaça. “É essencial educar as novas gerações, especialmente as crianças, sobre a importância da conservação, superando antigos conceitos de caça e valorizando o respeito à natureza”.
Bastos também compartilha seu trabalho com o público por meio de sua página no Instagram @faunativacriciuma, onde divulga informações sobre a fauna e a importância da preservação ambiental.
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