ASSESSORIA UNESC
Estudo fará comparação entre os resultados obtidos em pacientes que receberem abordagem tradicional e os que participarem de método diferenciado com foco em orientações de autocuidado.
Professores, residentes, alunos de graduação e bolsistas do Programa de Pós-Graduação em Saúde Coletiva (PPGSCol) da Unesc estão conduzindo um novo estudo com foco em melhores resultados para o tratamento de pacientes diagnosticados com diabetes mellitus tipo 2. A pesquisa tem como objetivo testar uma abordagem diferenciada voltada à modificação de comportamentos relacionados ao autocuidado, tais como sedentarismo, alimentação e manejo da medicação. Os resultados obtidos a partir de uma abordagem multiprofissional serão comparados aos resultados de pacientes que receberem os encaminhamentos já realizados nas Unidades Básicas de Saúde.
Intitulado “Educação em saúde intensiva e autocuidado na atenção primária à saúde em pacientes com diabetes mellitus tipo 2: um ensaio clínico randomizado”, a pesquisa conta com a coordenação geral da reitora da Unesc, a professora doutora Luciane Bisognin Ceretta, que destaca a importância das atividades desenvolvidas pelos Programas de Pós-Graduação da Universidade na região.
“Este estudo é uma importante ação da instituição para utilizar a ciência em prol da vida. Os resultados serão relevantes para embasar decisões em políticas públicas e para estabelecer novos métodos de abordagem”, diz.
A pesquisa encontra-se, atualmente, na fase de recrutamento de voluntários. Para alcançar esses pacientes dispostos a participar do estudo, os pesquisadores estão realizando visitas às Unidades de Saúde nos bairros Paraíso, Santa Luzia, Vila Belmiro, Vila Zuleima e Centro.
“O objetivo do estudo é aplicar uma metodologia de tratamento que o paciente melhore o seu autocuidado com diabetes do tipo 2. Trata-se de um ensaio clínico randomizado, ou seja, ele testará um modelo de mudança de comportamento que compararemos com os cuidados usuais que já são feitos nas próprias unidades pela equipe de saúde da família”, explica a pós-doutora do PPGSCol, Andriele Aparecida da Silva Vieira, que também faz parte do grupo de estudos, ao lado das professoras doutoras e coordenadoras da pesquisa, Cristiane Damiani Tomasi e Vanessa Iribarrem.
Como vai funcionar a pesquisa
A pesquisa terá como amostra pacientes diagnosticados com diabetes mellitus tipo 2, atendidos em Unidades Básicas de Saúde de Criciúma, de ambos os sexos e com idade igual ou acima de 18 anos.
No primeiro momento, os pacientes serão entrevistados e informados sobre a intenção da pesquisa. A amostra será composta por 16 pessoas, sendo que um grupo será mantido sob os cuidados da Unidade de Saúde, enquanto o outro receberá intervenção por meio da equipe multiprofissional da Unesc, composta por profissionais das áreas de Educação Física, Nutrição, Farmácia, Fisioterapia, Psicologia e Enfermagem.
Os pacientes que receberão intervenção serão acompanhados semanalmente, utilizando o Modelo Transteórico de Mudança de Comportamento, que enfatiza a mudança intencional e passa por diversos níveis de motivação. A ideia é avaliar a mudança de comportamento dos pacientes, após participarem das atividades propostas, e analisar exames bioquímicos realizados ao longo de seis meses.
Todos os pacientes serão avaliados no início e no fim da pesquisa quanto à sua saúde mental, atividade física, alimentação e comportamento. Além disso, os participantes serão questionados sobre seus comportamentos de autocuidado para as quatro dimensões: manejo da glicemia; controle dietético; atividade física; e monitorização da saúde.
Ao final da pesquisa, as informações dos dois grupos serão cruzadas para uma análise comparativa. “Os dados coletados e analisados irão gerar uma publicação científica e compor um relatório. A partir destas informações será possível definir ações mais efetivas na atenção primária à saúde”, destaca a reitora. “A pesquisa será importante para a população de Criciúma e poderá servir de modelo para outros municípios e estados”, completa Andriele.
Diabetes
O diabetes mellitus é uma doença crônica não transmissível, que apresenta evolução progressiva e lenta. Ela é caracterizada pela deficiência na produção de insulina ou pela incapacidade da insulina em realizar adequadamente sua função no organismo, resultando em um quadro de hiperglicemia persistente.
O objetivo do tratamento da pessoa com diabetes é controlar o metabolismo e reduzir os riscos de complicações. Esse tratamento pode ser dividido em duas categorias: medicamentoso e não medicamentoso. O tratamento medicamentoso envolve o uso de medicamentos hipoglicemiantes orais ou injetáveis, ou uma combinação de ambos. Já o tratamento não medicamentoso inclui mudanças no estilo de vida, como aderir a uma alimentação saudável e praticar atividades físicas, por exemplo.
Portanto, o autocuidado do diabetes mellitus refere-se ao conhecimento, habilidades e capacidade de autogerenciamento das necessidades impostas pela doença sempre que possível.